Já estou morando em Berlim há quase 3 anos e aguardava o momento que fosse visitar Dessau para ver ao vivo os prédios icônicos da Bauhaus. A famosa escola de artes que revolucionou o design e arquitetura moderna nos anos 1920 fica a 2 horas de trem saindo da capital alemã e só no mês passado consegui ir e realizei esse sonho de ver a Bauhaus de pertinho!

Usando meu Deutschland Ticket, cheguei na estação principal de Dessau com o Regional 7 que sai de várias grandes estações de Berlim.
Fui direto conhecer o prédio principal da escola, aquele da icônica fachada e o letreiro famoso. O plano era visitar esse prédio por dentro, cujo ingresso custou 10 euros, passar na frente das casas dos mestres e depois ir ao novo museu da Bauhaus que fica no centro da cidade.
Mas ao entrar no prédio me frustrei um pouco pois a maior parte das alas estavam fechadas (ainda acontecem aulas ali), pois a mostra com imagens históricas é relativamente pequena. No prédio onde ficava a escola, hoje tem salas de exposições artísticas, uma grande loja de souvenirs e produtos da Bauhaus (onde eu enlouqueci querendo comprar tudo), auditórios e a ala das salas de aula que estavam fechadas. Também não consegui entrar no famoso prédio dos apartamentos dos estudantes, queria muito conhecer por dentro, o que vai ter que ficar para uma próxima visita com direito a pernoite, já que isso é possível de se fazer pagando.




Ao chegar nas Casas dos Mestres, me deu uma grande vontade de conhecer o interior delas, ver como viviam aqueles gênios do modernismo nos anos 20. Lembrei muito da visita que fiz à Casa Vilamajo em Montevideo, que foi uma pequena viagem no tempo ao andar pelos cômodos de uma arquitetura inovadora de quase um século atrás e aproveitei a oportunidade. Afinal, sabe-se lá quando poderia voltar ali, não é mesmo?
Paguei mais 10 euros para entrar nas casas e valeu muito a pena.
O conjunto original contava com casas geminadas e mais uma casa para o diretor Walter Gropius. Com os bombardeios da segunda guerra mundial, a casa do diretor e uma das casas geminadas logo ao lado foram totalmente destruídas. As demais ficaram muito danificadas mas já foram restauradas. No local das casas destruídas, construíram novo espaço para exposição, respeitando as formas e aberturas do projeto original, mas sem ser uma réplica perfeita, a intenção era uma revitalização urbana usando uma “arquitetura da imprecisão”, segundo o autor do projeto, Bruno Fioretti Marquez.
A primeira casa original que visitei era onde o pintor Feininger morou com sua família, e é a única que está mais mobiliada de acordo com as mobílias da época. O segundo grupo de casas geminadas, onde os mestres Muche e Schlemmer viveram, não é aberto a visitas pois serve de moradia a artistas residentes da fundação Bauhaus-Dessau. O último grupo de casas é onde viveram Klee e Kandinsky, ambas sem quase nenhuma mobília, mas as cores das pinturas internas foram restauradas conforme projeto original. Estar dentro do atelier onde Kandinsky produziu grande parte das suas obras foi emocionante!






O dia estava passando e eu estava cansando bastante, e ainda queria conhecer o centro histórico da cidade, então optei por não visitar o novo museu da Bauhaus. Visitar Dessau foi incrível, e eu só posso recomendar a todos os interessados em história da arte, arquitetura e design, pois estar em locais onde grandes mudanças históricas aconteceram é algo único e incrível (pelo menos para mim).
Deixo aqui o vídeo sobre essa visita, com mais imagens.